Censo 2022 mostra aumento da população indígena e 81 etnias no Piauí

A população indígena do Piauí cresceu de forma expressiva na última década. Dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 7.202 pessoas se autodeclararam indígenas no estado, um aumento de 144,6% em relação ao levantamento de 2010, que havia identificado 2.944 indígenas.
Apesar do crescimento, o estudo revela uma lacuna importante: quase metade (45,4%) dos indígenas piauienses não declarou sua etnia. Segundo o IBGE, 28,6% não preencheram essa informação, 11,7% afirmaram não saber, 2,8% tiveram a etnia mal definida e 2,3% não a determinaram.
Entre os que se identificaram com um povo específico, 3.820 pessoas declararam uma única etnia e 115 afirmaram pertencer a duas, somando 3.935 indígenas (54,6%) com etnia definida.
Tabajara é o povo indígena mais numeroso do estado
O levantamento identificou 81 etnias, povos ou grupos indígenas no Piauí, 34 a mais do que em 2010, quando o número era de 47. A etnia Tabajara aparece como a mais numerosa, com 1.365 pessoas, sendo 1.292 com declaração única e 73 em conjunto com outra etnia.
Logo depois vêm os povos Akroá-Gamela (918 pessoas), Kariri (781), Warao (250) e Tapuio (115).
Foto: Reprodução / IBGE

Entre os Tabajara, as mulheres são maioria (50,9%), e a maior parte vive em áreas urbanas (69,7%). A faixa etária predominante é de 10 a 19 anos, com 273 pessoas, o equivalente a 20% da população Tabajara.
Língua Warao é a mais falada entre os indígenas piauienses
O Censo também investigou o uso de línguas indígenas nos domicílios. Em 2022, o IBGE registrou 20 línguas no estado, duas a mais que em 2010. Apesar disso, a presença de línguas originárias é mínima: 96% dos indígenas piauienses não falam língua indígena em casa.
Apenas 305 pessoas declararam utilizar alguma língua indígena no domicílio, sendo 295 com uma única língua e 3 bilíngues. A Warao, falada por 225 pessoas, tornou-se a língua indígena mais usada no Piauí, ultrapassando a Guajajara, que era a mais comum no Censo anterior.
Entre os falantes de Warao, 84 também falam português, enquanto 141 não o utilizam. A pesquisa também aponta que 65,7% dos indígenas que falam língua originária vivem em áreas urbanas e 34,3% em áreas rurais.
Povos fora dos territórios tradicionais
O levantamento destaca ainda a situação dos Kariri, terceiro maior grupo indígena do estado. Dos 781 indígenas dessa etnia, apenas 114 vivem no território oficialmente reconhecido “Kariri de Serra Grande”, em Queimada Nova, no Sul do Piauí. Outros 667 Kariri vivem fora do território, sendo 654 em área rural e 13 em área urbana.
Contexto nacional
Em todo o Brasil, o Censo 2022 registrou 1,65 milhão de pessoas indígenas, sendo 1,26 milhão com etnia declarada. Foram identificadas 391 etnias um aumento em relação às 305 de 2010.
As maiores populações indígenas do país pertencem às etnias Tikuna (74 mil pessoas), Kokama (64,3 mil), Makuxi (53,4 mil) e Guarani-Kaiowá (50 mil). O estado de São Paulo lidera em diversidade, com 271 etnias, seguido por Amazonas (259), Bahia (233) e Pará (222).
O Piauí aparece entre os estados com menor número de etnias identificadas, ocupando a terceira posição a partir do final.
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