“Tenho energia solar, mas continuo pagando caro”: entenda por que sua conta ainda vem alta mesmo com placas no telhado

Ter energia solar em casa já deixou de ser sinônimo de “conta zerada”. Cada vez mais consumidores se surpreendem ao perceber que, mesmo gerando mais energia do que consomem em alguns meses, a fatura continua chegando — e, em muitos casos, ultrapassando os R$ 500. Mas afinal, por que isso acontece?
A resposta envolve três fatores principais: o horário de consumo, a compensação de energia e as novas regras de uso da rede elétrica no Brasil.

☀️ Energia solar funciona melhor durante o dia — e é aí que está o verdadeiro lucro
A produção de energia solar atinge seu pico entre 10h e 15h. Nesse período, a energia gerada pelas placas vai direto para dentro da residência, sem passar pela rede da concessionária. Isso significa:
- Sem cobrança de tarifa
- Sem impostos
- Sem bandeiras
- Sem taxas de uso da rede
Ou seja, cada equipamento ligado nesse horário representa economia real e direta no bolso. Máquina de lavar, ferro elétrico, bomba d’água, ar-condicionado e freezer são exemplos de aparelhos que deveriam, sempre que possível, ser usados durante o dia.
À noite, a casa volta a depender da concessionária
Após o pôr do sol, a geração solar cai a zero. Nesse momento, toda a energia utilizada vem da rede pública, sendo cobrada com:
- Tarifa cheia
- ICMS, PIS e COFINS
- Bandeiras tarifárias
- Encargos do sistema elétrico
Na prática, isso significa que o consumidor gera energia barata durante o dia e recompra energia cara durante a noite.
Como funciona a compensação de energia
Quando o sistema gera mais do que a casa consome durante o dia, o excedente é enviado à rede da concessionária e convertido em créditos de energia, válidos por até 60 meses (5 anos).
Esses créditos podem ser utilizados em meses seguintes ou até mesmo em outros imóveis do mesmo titular. Porém, existe um detalhe pouco conhecido:
O valor do crédito não é igual ao valor da energia comprada depois.
O crédito cobre apenas parte da tarifa, enquanto a energia consumida à noite vem com impostos, taxas e bandeiras.
⚖️ O que mudou com a nova Lei da Energia Solar
Até janeiro de 2023, quem instalava energia solar praticamente utilizava a rede elétrica “sem custo”. Esse cenário mudou com a Lei 14.300/2022, conhecida como o Marco Legal da Geração Distribuída.
Desde então, novos consumidores passaram a pagar, de forma progressiva, uma taxa pelo uso da rede elétrica, o chamado “pedágio da rede”, que aumenta ano após ano até 2029.
No entanto, quem instalou o sistema antes da nova lei permanece com regras mais vantajosas até 2045, mantendo a compensação quase integral da energia.
Mesmo com energia solar, alguns custos nunca deixam de existir
Independentemente da lei ou do tamanho do sistema, todo consumidor com energia solar continua pagando:
- Iluminação pública (CIP)
- Impostos (ICMS, PIS e COFINS)
- Bandeiras tarifárias
- Multa e juros, em caso de atraso
Ou seja, energia solar reduz drasticamente a conta, mas não elimina todos os custos.
Onde o consumidor mais perde dinheiro hoje
Especialistas apontam que os maiores desperdícios acontecem quando o consumo pesado permanece concentrado no período noturno. Entre os principais erros estão:
- Uso de ar-condicionado e chuveiro elétrico à noite
- Equipamentos antigos e ineficientes
- Falta de monitoramento da geração em tempo real
- Atrasos recorrentes no pagamento da fatura
Esses hábitos podem eliminar até 30% da economia que o sistema solar é capaz de gerar.
✅ Conclusão
A energia solar continua sendo um excelente investimento, especialmente para quem entrou antes das novas regras. Porém, ela exige gestão inteligente do consumo. O verdadeiro lucro está em adaptar a rotina da casa ao horário de geração, e não apenas em confiar nos créditos da concessionária.
Ter placas no telhado não é garantia automática de conta baixa. Quem vence o jogo de verdade é quem entende como e quando a energia está sendo usada.
Fonte: Acervo 23




