Vai ter greve dos caminhoneiros? O que se sabe até agora sobre a mobilização

O clima entre caminhoneiros volta a ganhar tensão em uma possível paralisação nacional marcada para esta quinta-feira. A mobilização é puxada pela União Brasileira dos Caminhoneiros, que diz ter articulado uma greve com alcance em todo o País. Apesar disso, as principais entidades que representam transportadores autônomos se distanciam do movimento, afirmam que não haverá adesão em massa e apontam risco de uso político da categoria.
A UBC afirma que cerca de 20% dos caminhoneiros podem aderir à etapa inicial da greve e diz ter amparo jurídico para o ato. A entidade protocolou uma petição no Palácio do Planalto com uma lista de 18 reivindicações, que vão desde estabilidade contratual, atualização do piso mínimo do frete e linha de crédito para caminhoneiros até aposentadoria especial e medidas administrativas para regularizar a situação de motoristas envolvidos em mobilizações anteriores.
Entre as discussões que cercam o movimento está a suspeita de ligação com pautas políticas, como anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O representante da UBC, Francisco Burgardt, o Chicão Caminhoneiro, nega qualquer motivação partidária e afirma que o termo “anistia” presente na petição se refere a penalidades aplicadas a caminhoneiros em greves anteriores. Segundo ele, os pedidos apresentados tratam exclusivamente das condições de trabalho no transporte rodoviário de cargas.
A maior parte das entidades do setor, porém, reforça que não participará da mobilização. A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística afirmam que o movimento tem caráter político e que não irão apoiar paralisações que possam ser usadas para ampliar agendas partidárias. Para líderes dessas entidades, há risco de caminhoneiros serem induzidos a parar o País por motivos que não correspondem às pautas reais da categoria.
Embora rejeitem o movimento articulado pela UBC, dirigentes admitem que lideranças regionais e grupos mais radicais podem tentar promover atos pontuais. Caminhoneiros foram protagonistas de mobilizações de grande impacto nacional nos últimos anos e continuam sendo considerados um segmento de forte engajamento político. Ainda assim, representantes do setor alertam para possíveis prejuízos caso a categoria seja envolvida em manifestações com pautas que ultrapassem suas demandas específicas.
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