Ministério Público de Minas Gerais denuncia dentista piauiense acusado de lavar dinheiro para o tráfico de drogas

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG) denunciou o dentista piauiense Ricelle Weslley Oliveira Barbosa e mais 15 pessoas, todos acusados de lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas para uma organização criminosa. A denúncia, apresentada no dia 24 de outubro, foi recebida pela Justiça no último dia 29.
Foram denunciados, além de Ricelle Barbosa: Igor Alexsander Donato Valério, Josieliton Geraldo de Carvalho, Mateus da Silva Rocha, Kemily Tauane Antônia Celestino, Bárbara Luiza da Silva Veiga, Pedro Henrique dos Santos, Kevin Henrique de Souza, Kauan Henrique Gomes de Oliveira, Francisco Hernando de Araújo Gomes, Vivian Medeiros Gomes, Daniela Aparecida da Silva, Renata de Oliveira Lacerda, Bruno da Silva Amaral, João Henrique de Souza Gomes e Gilsander Thomaz Camilo.
Segundo a acusação, assinada pelo promotor Rafael Moreno Machado, os crimes foram praticados entre novembro de 2023 e junho de 2025. Inicialmente, suspeitava-se que todos os denunciados estavam interligados, contudo, ficou demonstrada a existência de grupos distintos, um encabeçado por Igor Alexsander e outro por Mateus Rocha.
A investigação apurou que os líderes utilizavam-se de terceiros para depositar valores oriundos do tráfico de drogas em contas bancárias, fazendo a inserção dos valores de origem ilícita no mercado lícito.
Dentista envolvido
De acordo com a denúncia, o dentista Ricelle Barbosa, que reside em Campo Maior, disponibilizou suas contas bancárias para que servissem de contas de passagem permitindo assim que fosse realizada a lavagem de dinheiro de milhares de reais que, depois, eram direcionados a outras contas.
Foi possível identificar ainda que o piauiense também pagava boletos de terceiros a partir de valores que entravam em suas contas, possibilitando desta forma que os reais interessados naqueles pagamentos ficassem ocultos. Para que procedesse desta forma cobrava a porcentagem de 1% do valor que ingressava em suas contas bancárias.
Além disso, o promotor afirma que o dentista cooptou Vivian Gomes e Francisco Hernando, passando a atuar todos em unidade de desígnios para realizar a lavagem de dinheiro. Francisco Hernando também reside em Campo Maior.
Ainda conforme a denúncia, Campo Maior figurou entre as cidades com maiores somas de valores apresentados no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
“Salta aos olhos também a presença da cidade de Campo Maior/PI dentre as cidades com maiores somas de valores apresentados no relatório, tendo em vista que se trata de uma cidade de pouco mais de 45 mil habitantes e sem qualquer relação conhecida com a criminalidade, contudo tais números se explicam quando apontamos que Ricelle Wesley e Francisco Hernando residem na cidade”, destacou o promotor Rafael Moreno.
O órgão ministerial sustenta que Ricelle Barbosa movimentou valores milionários no esquema de lavagem de dinheiro. No decorrer da investigação, foram identificados extratos bancários de uma única conta de Ricelle indicando movimentação entre maio e novembro de 2023, do montante de R$ 3.234.824,46 a crédito e R$ 3.235.350,00 a débito. Assim, há quase que uma correspondência exata entre entradas e saídas da referida conta bancária, característica de conta de passagem utilizada para a lavagem de dinheiro.
Em outra conta bancária de Ricelle, foi identificado o mesmo padrão de entradas e saídas de recursos de grande valor, R$ 589.171,00 de créditos e R$ 595.739,77 de débitos.
Denúncia recebida
Ao receber a denúncia, o juiz Bruno Henrique Taveira, da 3ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Comarca de Belo Horizonte, determinou a citação dois réus, para que apresentassem resposta à acusação.
Outro lado
Procurado pelo GP1, Ricelle Weslley Oliveira Barbosa não foi localizado para se pronunciar sobre o caso. O espaço está aberto para esclarecimentos.
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