Médicos do Piauí iniciam paralisação e denunciam precarização da saúde pública

O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (Simepi) iniciou, nesta quinta-feira (30), uma paralisação geral dos profissionais da saúde em protesto contra as condições de trabalho e atrasos salariais. A mobilização acontece em frente ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Centro de Teresina.
De acordo com o Simepi, o movimento é uma resposta à falta de estrutura adequada nas unidades de saúde, à defasagem salarial e à crescente precarização dos serviços públicos no estado.
A presidente do sindicato, Lúcia Santos, afirmou que a paralisação reflete a indignação da categoria diante do que classificou como um “desmonte” da saúde pública piauiense.
“É um movimento de indignação com o que está acontecendo na saúde pública, um desmonte da saúde pública. Essas OS que foram contratadas para administrar os hospitais do estado aqui na capital e no interior, elas pegam o dinheiro, não melhoram a estrutura, pagam precariamente os médicos, nem por CLT são contratados, falta de insumos, estruturas desumanas de atendimento e também nós estamos sofrendo na capital com tantos desvios, nós estamos vendo um desmonte absurdo e não podemos ficar calados quanto a isso”, ressaltou.
O diretor do Simepi, Renato Leal, garantiu que os atendimentos de urgência e emergência continuam funcionando normalmente durante a paralisação.
“O que foi paralisado hoje é apenas a parte eletiva, aquela consulta marcada. A emergência e urgência estão funcionando 100%. Então a população não vai ficar desassistida, até mesmo porque nós estamos aqui exatamente brigando pelo melhor atendimento à população, que no momento está muito precário”, afirmou.
Entre as principais reivindicações dos médicos estão:
- remuneração digna;
- pagamento integral do adicional de insalubridade;
- melhoria das condições de trabalho;
- realização de concursos públicos;
- combate ao desvio de recursos públicos.
O vice-presidente do Simepi, Samuel Rego, também reforçou a urgência na contratação de novos profissionais através de concursos públicos.
“Concurso público é uma das coisas mais urgentes também. Nós precisamos hoje de pelo menos 500 novos médicos na rede estadual de saúde. Vão fazer um concurso agora com 70 vagas e alegam que não tem dinheiro, mas nós estamos assistindo milhões e milhões sendo desviados do SUS. A Polícia Federal, Tribunal de Contas têm identificado esses desvios de recursos. Nós estivemos fiscalizando os hospitais do interior e estão simplesmente acabados, estão um caos. Então concurso público já, e tem que fiscalizar essas organizações sociais”, destacou.
A decisão pela paralisação foi tomada no último sábado (25), durante uma assembleia geral extraordinária que reuniu profissionais de diversas áreas da saúde. O encontro contou também com representantes do Sindicato dos Odontologistas do Piauí (Soepi), do Sindicato dos Fisioterapeutas do Piauí (Sinfito-PI) e de farmacêuticos, reforçando a união das categorias diante das dificuldades enfrentadas.
A paralisação deve seguir por tempo indeterminado, enquanto o sindicato aguarda um posicionamento oficial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi).
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